Depois do fim

Não acredito que eu e Érica terminamos. Éramos tão amigas, tão constantes. O amor era tão grande que parecia não ter fim.

E na verdade o amor não acabou. Ele só mudou de forma, de lugar, de tempo. Não é?

Tenho me sentido imensamente culpada por tudo, às vezes sinceramente aliviada. Érica era um café forte e doce pra mim. O amargo que ela tinha me proporcionava um prazer, uma energia para os dias rotineiros. A intensidade de Érica levava nós duas para frente, mas eu mal sabia que essa mesma intensidade nos puxaria pra trás algum dia.

Não sei explicar o ciúme de Érica. Ele nunca foi baseado na realidade e sim no modo como ela interpretava os fatos. Ela sempre procurou por coisas que dessem-na a terrível sensação de estar certa. A obstinação com que buscava ter provas pra suas suspeitas era gigantesca e por vezes assustadora.

Semana retrasada Érica resolveu acabar com tudo. Ela tinha todas as razões do mundo, já tinha a sentença, ela enfim estava com a razão e certa, -isto segundo ela, obviamente - e eu nem contestei. Arrumei as coisas e saí do apartamento. Mas posso dizer que nunca traí Érica, a amava demais pra isso. Ela era minha melhor amiga e companheira, era parte da minha alma. Trair Érica seria me trair.

Os dias estão pálidos, Érica conseguiu o que queria... Ela dedicou-se muito mais ao ciúme do que a me amar.